segunda-feira, 23 de abril de 2012

Vou escrever até me doerem as mãos
deixar de sentir os dedos
o frio dilacerante vindo da noite
os braços, as pernas, a cabeça
até não sentir de todo
pensamentos tão cortantes como estas lâminas que brotam do escuro.

É esta descarga de vida que me faz acordar de manhã
um suicídio lento
deixar quem sou fugir para as palavras
o espírito a abandonar o corpo com gemidos de sinceridade.

Quem controla as palavras é-me dono.
Mata-me todas as noites para me fazer renascer ao amanhecer.
Nunca pensei...
Estranho jeito de tentar ver para dentro.

2 comentários:

  1. Tens um dom magnífico, Valter. Entendo este poema como uma dualidade entre seres que vivem dentro de alguém, o nocturno e o diurno, digo isto porque, normalmente, eu escrevo à noite porque é quando sinto os meus pensamentos/sentimentos mais activos e sinceros e, quando acordo, sinto que renasci porque já quase nada daquela adrenalina toda existe dentro de mim. Obrigada por verbalizares isto :) Beijinhos !

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  2. Deves ser das poucas pessoas que consegue compreender o que realmente pretendo transmitir, até porque vejo que também o sentes. Obrigado pelo teu comentário, beijinho. =)

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