Vou escrever até me doerem as mãos
deixar de sentir os dedos
o frio dilacerante vindo da noite
os braços, as pernas, a cabeça
até não sentir de todo
pensamentos tão cortantes como estas lâminas que brotam do escuro.
É esta descarga de vida que me faz acordar de manhã
um suicídio lento
deixar quem sou fugir para as palavras
o espírito a abandonar o corpo com gemidos de sinceridade.
Quem controla as palavras é-me dono.
Mata-me todas as noites para me fazer renascer ao amanhecer.
Nunca pensei...
Estranho jeito de tentar ver para dentro.
Tens um dom magnífico, Valter. Entendo este poema como uma dualidade entre seres que vivem dentro de alguém, o nocturno e o diurno, digo isto porque, normalmente, eu escrevo à noite porque é quando sinto os meus pensamentos/sentimentos mais activos e sinceros e, quando acordo, sinto que renasci porque já quase nada daquela adrenalina toda existe dentro de mim. Obrigada por verbalizares isto :) Beijinhos !
ResponderEliminarDeves ser das poucas pessoas que consegue compreender o que realmente pretendo transmitir, até porque vejo que também o sentes. Obrigado pelo teu comentário, beijinho. =)
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