quarta-feira, 25 de abril de 2012

Vejo uma nuvem demográfica no chão que piso.

Vejo amores falsos,
efémeros na sua essência.

Vejo partidas,
brincadeiras de mau gosto.

Tentativas banais.
Quererei eu ser assim?

Mais um na chuva,
Sem abrigo.
Sem sabor.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Vou escrever até me doerem as mãos
deixar de sentir os dedos
o frio dilacerante vindo da noite
os braços, as pernas, a cabeça
até não sentir de todo
pensamentos tão cortantes como estas lâminas que brotam do escuro.

É esta descarga de vida que me faz acordar de manhã
um suicídio lento
deixar quem sou fugir para as palavras
o espírito a abandonar o corpo com gemidos de sinceridade.

Quem controla as palavras é-me dono.
Mata-me todas as noites para me fazer renascer ao amanhecer.
Nunca pensei...
Estranho jeito de tentar ver para dentro.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Respiração inconstante.
Levanto os olhos e fico à espera.
Passa o sol, passa a lua.
Passam os putos já homens.
As horas a segundos do esquecimento.
Do abandono restaram só estas cinzas.
Amar é pecado.

Não respiro.
Se o tempo não o fosse sê-lo-ia outra coisa qualquer, mas pára-o!
Abusa antes que te consuma.
Um prazer demorado.
Querer... querer... querer...

Respiro.
O som do relógio de parede.
Amar.

domingo, 8 de abril de 2012

Ritual

Céu claro.
Olhar a lua uma última vez.
Entrar.
Subir as escadas pé ante pé.
Quarto, tirar o casaco.
Gravata, camisa, calças.
Lençóis.

Casa.