terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Olhas-me.
Matas-me.
Tiras-me o ar e pedes que mergulhe.
És o mal, um mal que sabe bem.
Faz pensar, fazes-me pensar.
E no vazio lá de fora perco-me por dias
até te voltar a ver, também tu,
perdida.

O tempo pára mas ninguém percebe.
És tu, eu e um espaço sem espaço,
nosso,
quando o tempo se diz interminável.

Nada mais quero conhecer para além do cheiro do teu pijama,
quando o sol dá lugar à lua
e tudo se resume a esta falta,
de espaço e tempo.

Não, não é, nunca vai ser.
A eternidade não seria suficiente,
amar é querer sempre mais,
até faltar o ar,
e a noite não voltar a ver a luz do dia.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Quarto Crescente

Quem és tu?
Porque estás no meu caminho?

Há uma barreira entre nós, uma falésia
um vale de espinhos intransponível
Ainda assim ousas desafiar-me
levar-me insistentemente à frustração

Quem és tu ó demente de natureza
que nem sabe a diferença entre o sol e lua
entre o sentimento e a vontade escolhes deitar-me ao chão
cuspindo nós de incertezas e lágrimas secas de uma saudade muda

Quem és tu e porque ocupas a minha casa
o meu quarto, a minha cama, os meus lençóis
e ainda me olhas no espelho
como se não soubesses o que procuras
como se não o tivesses encontrado e deixado partir...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Vais pagar portagem?

Hoje vou-vos falar da crise. A crise económica é o início, um gatilho desbloqueado pronto a despoletar o tiro. A crise leva-nos a olhar a vida de uma forma tímida, envergonhada e conformista. Mas digo-vos mais, a crise está em saber que os sonhos se pagam caro e a estrada tem portagem. A crise está na mentalidade que surge no meio urbano e nos Homens sem sonhos. A crise é a falta de motivação causada pela privação de algo que se só se pode comprar. Tudo tem um preço. O amor de uma família, a raiva do injustiçado. Depressa a segurança do silêncio se torna nos berros de quem nos ama, na tentativa de corrigir um passado manchado por um falhanço que não foi nosso. Depressa reparamos que o sonho que escolhemos tem um preço demasiado alto e a crise, essa, instala-se, apodera-se e manipula como quer. A crise está nos corações desta gente, que deixaram de acreditar que o preço não é importante e que se não há estrada então constrói-se uma. Se me falarem em dinheiro digo que é o maior assassino de Homens, a primeira e a última causa desta estranha crise de saber aproveitar o dia de amanhã. A crise não é coisa nova, começou e vai ficar por cá. Só nos resta lutar e querer mudar para que, enfim, se possa dizer que o pior já passou e que nós, sonhadores, estejamos por cima e ao olhar para trás possamos ver o caminho percorrido, orgulhosos, cheios de nós.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Não existem despedidas

Arrependimentos são águas passadas,
conversas por dizer entre caminhos por escolher.

Já lá vai o tempo.
Já lá vai o que passou e o que não passou.
Ou então não.
Fala, nega!
Prova a maçã,
foge,
corre e segue o vento.

Arrependimentos são chamadas de loucura sã.
Um grito rebelde no meio de um mar de almas por nascer.

Nasce. Renasce.
Morre para viver.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pautas de viagem

E se o sol falasse?
palavras de calor e conforto
fonte de verdade e luz
tal a beleza que nos seduz

E se a lua te dissesse?
As vezes que tremi por dentro
Ao som do bater do coração
Não me dás nenhuma chance
A não ser mudar as notas da canção.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Meados de Janeiro

Encerra o passado
desta forma de estado
Já é mais do que solidão
Mais um pouco, era prisão

e se ainda duvidas
pára para pensar
dias por vidas
e vidas por amar
já era tempo de acordar

Encerras-te no teu interior
imaginas o que não tento
só de te ver, o tormento
chuvas de amargo dissabor

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Desencontros

Somos duas almas reflectidas num fundo negro. Nunca escrevi sobre ti, é curioso, apesar de seres o espelho daquilo que gostaria de ver quando cruzo o olhar com o horizonte. Sabes bem que isso não chega, por muito que eu quisesse. Não passa disso mesmo, um reflexo, um vislumbre, uma esperança retida nas nuvens que tapam o pôr do sol. Mas nada importa, está tudo bem assim.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Inverno

Sinto-me sem direito a nada, percorro-me a tempo inteiro e não me encontro, talvez efeitos secundários do mistério que é viver. Chego, levanto a música, esqueço-me por instantes. A única anestesia que o Universo nos deixou, na minha opinião. O resto é efémero, tudo o é e será. Não levantes o lençol, está frio lá fora. Tenho medo de sair à rua.

Ssshhhh...
Acorda...