segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sombras


Ao longe, as vozes do público deixam de se ouvir. Caminhava sozinho pela noite dentro, pelo caminho que tão bem conheço. Passos apressados ouviam-se atrás de mim, nenhum mistério, apenas um rapaz cansado ansioso por chegar a casa. As luzes da rua eram-me indiferentes, como se não estivessem lá. As sombras atraíam-me para elas, mas mantive a minha rota, alheio, sem olhar, sem expressão. Não estava sequer ali, não sentia o andar, automático e pesado. Viajava sim, mas noutro sentido completamente diferente. As casas passavam por mim mas eu olhava-as lá de cima. Aproximava-me de casa mas fugia dela. "A lua mantém-se a mesma" - pensei eu. Por momentos senti uma sensação de liberdade, senti-me eu, só e apenas. Acontece poucas vezes acreditem. 


É tão comum ter-se a certeza de quem se é e logo a seguir perder essa certeza. 

Estranhas sombras me assombram...

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