Não há um dia que não me faça pensar. Todos os segundos to meu tempo passaram a ser caótica-mente ocupados por imagens breves que intercalam a realidade, o imaginário e as memórias. Estranho (ou não) será dizer que o imaginário é onde me sinto mais confortável. A realidade é um conjunto de cores escuras que não param. São saltos ao som de música maluca e o conforto de uma sala cheia de gente boa. As memórias são o engolir em seco na paragem do autocarro, o olhar para o vazio a partir da almofada, o vento frio das manhãs britânicas. Tudo isto unido pelo peso de uma viola às costas e um sonho longínquo nascido em céus bem mais azuis. É tudo tão lento e tão rápido ao mesmo tempo. Ainda assim , mesmo sem compreender, caminho cabisbaixo para a chuva não atingir os olhos e encaro as bestas barulhentas que ocupam as estradas dia após dia. Se dissesse que não sinto saudade das cores vivas de um outra vida estaria a mentir, mas as cordas da viola são de metal e são o melhor portal para o imaginário. Vou fazer-te chegar um pouco de mim...
Boa noite...
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Afinal Londres sempre é um lugar cinzento
Estou em Londres desde Setembro. Tudo o que conhecia foi virado do avesso e vejo-me agora a apalpar as paredes de um quarto que não é o meu. Desde aquela data que eu não me conheço mais. Não sei que tipo de pessoa me estou a tornar nem sei quem era o rapaz que vivia no sotão de uma casa nos arredores de Coimbra. Começo agora a pensar que era a cidade que fazia de mim uma pessoa melhor. Não adianta correr mais. Consegui desfazer todas as cores de um por do sol que tinha tudo para virar noite. A luz desapareceu e não há sinal das estrelas. Tanto faz olhar para cima ou para os lados, não te vejo, estás longe e eu sou assim. Não sei até que ponto me posso culpar da pessoa que sou. Às vezes penso para mim mesmo se não conseguiria ser outro alguém, talvez com juízo e sabedoria de saber ler pessoas, tempo, espaço e tornar assim a minha estadia bem melhor. Não sou. Sou um túmulo de "se's" e possibilidades mortas por mim. Fujo e corro. Olho para trás e corro mais depressa. Tenho medo de parar e do tempo se tornar insuportável. Eventualmente acabarei a correr sozinho e, por fim, a morrer de cansaso numa estação qualquer de comboios. Talvez as vozes se calem então....
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