Há noites em que não há mais nada a fazer. Deitas-te na cama pensativo, abres o computador e espreitas as novidades dos teus amigos no facebook. Vês as festas e as fotos de pessoas felizes nos seus grupos. Não acredito que isso transmita o seu verdadeiro estado de alma. Quem me dera que as fotografias nos sugassem a alma como alguns mitos dizem. Queria ver o verdadeiro eu. Espelhos, esses sim, mostram as lágrimas de noites inacabadas e caras por lavar. E não vale a pena continuar a pensar. Isso é insistir no teu fim e num caminho mais próximo de espelhos que de máquinas fotográficas. E eu quero a verdade, toda a verdade, mesmo que ela doa. Fico dividido. Fico perdido entre a janela e a cama. Encosto-me à parede. Apoio-me nos olhos cobertos pelas palmas das mãos. Inspiro. Deito-me. Não há mais nada a fazer. Preciso da verdade e de alguém que me leve para longe dela, só não me deixem no limbo, onde deixa de haver luz e o vento não chega. Há noites assim, em que só nos resta ir dormir e esperar que os sonhos não sejam memórias distorcidas pelo desejo.
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