terça-feira, 24 de julho de 2012

Aí vem a raiva,
Queres esconder a cara com os punhos fechados.
Não vês nada para frente e vês tudo para trás.
O passado a querer furar, matar.
Quer dar-te um motivo,
Seja ele qual for.
E depois vem a calma,
Pequenas lágrimas do que um dia foi.
Dás voltas na cama, dói,
E elas são o teu único alívio. 
É só o passar de mais uma noite.
O renascer é lento.
O dia vem e invade o teu quarto,
E tu só queres é fechar os olhos.

domingo, 15 de julho de 2012

Constelações de Vidro

É simples. É complicado. Seja o que for, é sempre com o sabor a uma cama vazia. É no escuro que tudo se vê e nada acontece. Já alguém dizia que outro alguém não sabe estar sozinho. A verdade é que ninguém sabe, e quando chega a noite todos se agarram à almofada que se revela tão desconfortável como um chão de pedra dura e fria. Ainda me lembro da música ser cura mas agora já não sei se alivia ou se faz doer ainda mais.E já era eu sonho quando abro os olhos e vejo que o sol já cruzou o horizonte mais uma vez.
Fossem minhas as estrelas e podia ser feliz.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Às vezes gostava de ser nuvem

Não sabes. Olhas para o tecto durante mais uns minutos. Tudo igual. Existe algo de inquietante que não te deixa dormir. Não sabes bem o que é mas sabes que a saudade torna tudo pior quando se está longe e tudo melhor quando se está perto. Já os ponteiros das horas e dos minutos se sobrepõem outra vez e tu ainda não fechaste os olhos. Lês mais meia dúzia de páginas, apagas a luz e voltas a olhar o tecto. Não vês nada porque apagaste a luz mas vês o mesmo do que se ela estivesse acesa. Aceitas o facto de que dormir, hoje, não vai ser tarefa fácil e de que amanhã tens um dia longo que, provavelmente, só acaba no outro. Acendes a luz mais uma vez. Não sabes, não sentes, não vês e isso faz um pouco de ti morrer. Dói-te o coração. Amanhã vai doer menos porque esta noite já passou e não volta. Só queres ver o tempo voar.
Mais uma noite.
Paciência.

Abraço a almofada no vermelho da minha cama.
Porque há-de passar o tempo ou tão depressa ou tão devagar?

terça-feira, 3 de julho de 2012

Gumes afiados cortam mais fundo,
não há sangue...

Encontrei um lugar gélido no quarto onde habito.
A pulsação sobe mas o coração estagna.
Quieto, geme.

Sobe-me à boca enquanto me cai aos pés.
Se ao menos a loucura não fosse passageira.